28 de agosto de 2011

Sua própria fórmula de ser feliz


Lembrava claramente de como antes, seus maiores desejos eram ter nós na garganta e borboletas no estômago. Queria ficar boba, se apaixonar à toa, amar sem limites. Desejava amores malucos, com histórias complexas para que tudo fosse sempre o mais lindo possível, como em filmes românticos. Queria ter uma história perfeitinha para contar aos netos, mais tarde.
Aliás, queria envelhecer ao lado da mesma pessoa que lhe tirasse o sono. E que ele ainda o fizesse, cinquenta anos depois. Mesmo quando engordasse, roncasse e quebrasse um copo. Que aquilo tudo continuasse sendo besteira.
Tinha feito tantos planos de viver de amor, viajar de sonhos e ter filhos por vontade apenas.
Mas a vida lhe tornou mais dura. Pra não dizer amarga. Cética, no mínimo.
Lembrou do amor que entregou à quem não soube respeitar. Muito menos amar de volta. Dos planos que teve que jogar no lixo enquanto buscava pequenos pedaços de coração para colar com saliva. Talvez por isso até hoje eles ainda não estivessem grudados completamente.
Ouviu tantas vezes dizer que tinha que continuar tendo esperança. Que o amor chegaria, e que seria tudo lindo e sonho. Sonho mesmo. Porque não existe.
Sempre que deixava a esperança entrar, era a decepção disfarçada de amor. Quebrou o coração mais umas quantas vezes, deixou cada vez menos o tal “amor” entrar.
Sabia que podia ser diferente.
Encontrou felicidade em outras coisas. Não admitia não ser feliz com o que tinha. Afinal, ela tinha tanto pra se orgulhar!
Focou no trabalho, e ganhou o cargo dos sonhos. Passou a ver mais a família, os amigos mais chegados. Filtrou os amigos, fez alguns para a vida toda. Passou a fazer mais do que gostava. Começou a se exercitar. Deu a volta ao mundo, conheceu mil pessoas.
Plantou uma árvore, escreveu um livro. E foi feliz sem ter um filho.
Entendeu enfim, que essas fórmulas de felicidade mal escritas estavam todas erradas. Escreveu sua própria fórmula, e foi viver dela.
E você? Bem que poderia a começar inventar a sua, não acha? Que tal Sair Daqui e começar?

3 de agosto de 2011

Forte coração


Desmoronando. Como me sinto? Um forte aparentemente vigoroso e resistente. Mas cheio de rachaduras, cicatrizes de batalha.
Se cada vez que me enganassem, mentissem, fingissem e magoassem tivesse uma rachadura nesse forte, ele já estaria em ruínas. Mas o forte insiste em ficar de pé, e cada vez mais frágil, continua sendo atacado por seres sem coração ou piedade.
Por quanto tempo esse forte aguentará?

Dentro dele sonhos e esperanças podem ficar sem proteção de uma hora para outra. E ficam, como loucas, tentando refazer seus muros, suas pedras, sua aparência forte e indestrutível. Mas os sonhos e as esperanças sabem que se os ataques as seu forte não pararem, elas não terão mais chances, e serão liquidadas.

Ora, quem poderia ajudar os sonhos e as esperanças, que, apesar de tão belos, são cercados por esse forte feio, grosso, machucado? Quem poderia sequer imaginar que haveria algo de tão bom dentro dele?
Talvez não haja ajuda. Não haja mais esperanças. Não haja mais sonhos.
E no fim, só restarão ruínas do que foi um dia um forte belo e resistente.